Blogue do Movimento Quintano

Tema: Quinto Império enquanto destino de Portugal e do Mundo

Proposta prática para a refundação do Quinto Império de Vieira, Agostinho e Fernando Pessoa.

"Portugal será um dos países condutores do Mundo" Agostinho da Silva

quinta-feira, setembro 29, 2005

O sistema "Domus", a célula económica fundamental

Poder e Instituições na Europa do Antigo RegimeColectânea de textos
(organizada por António Manuel Hespanha)
P.33
"(...) ao contrário do que hoje acontece, o político inscrevia-se no seio das próprias relaçðes de produção. Ou seja, na antiga unidade sócioeconómica europeia - a "casa" (das ganze Haus), o chefe (Haus-herr, paterfamilias) é, ao mesmo tempo, o titular de poderes de direcção sobre os agentes produtivos (os membros da famïlia, na sua acepção de consanguíneos, agnados ou serviçais, poderes que a teoria da época designava por "poderes económicos" (i.e., relativos à casa, oikos), mas que coenvolviam atribuições que hoje designamos de "políticas"."
Comentário:
Existe no actual regime pós-revolucionário (ou seja, resultante da Revolução Francesa de 1789) uma suposta, falsa e hipócrita separação entre os poderes políticos e económicos. A hipocrisia está em supôr que a separação é possível, o que não é, sobretudo numa sociedade tão economicista como a contemporânea e depois do colapso dos regimes comunistas que serviam de foco ideológico para ambos os lados do muro de Berlim. A falsa separação entre os dois poderes favorece fenómenos como a massificação da corrupção, o nepotismo, o favorecimento sistemático dos grandes grupos económicos. O reconhecimento da comunhão dos dois poderes e o recentramento da Sociedade na Família ("Domus, lat. Casa") em lugar da Empresa iria aumentar a coesão, a estabilidade económica e a responsabilidade social da unidade básica de produção. Ideal para entidades empresárias de pequena e média dimensão, o sistema "Domus" permitiria reduzir o desemprego e aumentar a eficiência da economia dado que desde os trabalhos de Schumaker na década de 60 que se sabe que "small is beautifull", isto é, que uma pequena organização é economicamente mais eficiente que uma grande. Obviamente, em alguns sectores chave como a produção de energia eléctrica, as ferrovias, as vias rodoviárias, a indústria de Defesa, etc. a grande dimensão, em virtude da necessidade da necessidade de reunir grandes volumes de capital.

segunda-feira, setembro 26, 2005

As Duas Grandes Doenças do Sistema Político Português

O sistema político português enferma de duas grandes doenças:

a) A distância entre políticos e eleitores; governados e governantes; Estado e Sociedade Civil

É esta separação que observamos quando Santana Lopes inaugura piscinas em bairros sociais de BMW blindado e com dois BMWs carregados de seguranças; é esta separação quando vemos Jorge Sampaio reunindo-se com os representantes dos Juízes (hoje), mas ignorando os funcionários judiciais que também se preparam para paralizar os tribunais; é esta separação que faz crescer os números da abstenção.

b) A impreparação democrática dos eleitores

A falta de educação cívica manifesta-se em Portugal sob muitas e diversas formas: desde a alta taxa de mortalidade na estrada, à elevada taxa de fuga ao fisco, à sujidade nas praias e jardins públicos; de diversas maneiras os portugueses mostram a sua impreparação para viver em Sociedade livremente e de um modo adulto sem estarem permanentemente receosos da "matraca" salazarista ou do "pecado" cristão. O portuga parece ser incapaz de civilitude sempre que a ameaça da autoridade está ausente ou é fraca.


Soluções?

a) Reduzir o afastamento entre governo e governados, concedendo ao Poder Local, Autárquico a principal parcela do poder político, legislativo e judicial, mantendo apenas no Estado central, tornado assim Federal e Minímo, as funções militares, policiais e diplomáticas. A difusão do poder político pelas unidades menores da República que são as autarquias garantiria uma maior proximidade entre eleitores e eleitos.

b) A impreparação cívica dos portugueses é certamente o maior problema da nossa democracia. Assim é vital fortalecer radicalmente a aposta na Educação e Formação Cívica, criando disciplinas obrigatórias de Educação Cívica, tornando o serviço militar obrigatório (embora oferecendo em alternativa a prestação de Serviço Social Cívico) .

quinta-feira, setembro 22, 2005

O Paradigma "Estado"

Poder e Instituições na Europa do Antigo Regime
Colectânea de textos
(organizada por António Manuel Hespanha)
P.26 e seguintes

O conceito contemporâneo de "Estado", enquanto entidade que possui o exclusivo do poder de "coação legítima" (imperium) sendo este o Meio para alcançar o Fim que é o "interesse público" contraposto à "Sociedade Civil", destituída de "Imperium" é uma novidade, alheia ao modo de governo medieval e do mundo moderno.

O conceito contemporâneo de 'Estado" nasceu da movimentação aglutinante do poder real no final da Idade Média e da captura bem sucedida que esta fez dos poderes supranacionais (Império e Igreja) e dos poderes subnacionais (Senhores, Conselhos e Corporações). O processo de concentração é conhecido por "centralização do poder real" e haveria de produzir as anomalias extremas conhecidas como "monarquias absolutistas".

Segundo esta leitura (a actual, recorde-se), "o Estado deve estar separado da sociedade civil". Segundo ela, somente o Estado permitiria a "plena realização do interesse público". Nada mais falso... O professor Hespanha responde a esta tese o reconhecimento de que na Idade Média e na Idade Moderna todos os interesses dos vários membros da Sociedade confluiam para um todo harmónico que se enquadrava numa unidade mais vasta, designada por "Bem Comum".

Hespanha contrapõe assim ao dualismo Estado/Sociedade Civil o dualismo Bem Comum("Bonun Commune")/Interesse Público.

Na visão Medieval e Moderna, ao poder não competiria sacrificar os interesses dos privados (Senhores, Conselhos e Corporações) em prol de um suposto superior "Interesse Público", mas concorrer para a sua interharmonização mantendo-os e salvaguardando os seus direitos.

É no conceito de "Estado Centralizador" detentor exclusivo da aplicação do "Interesse Público" que nasce o conceito de "polícia", desconhecido até então e que se traduz como o objecto usado pelo Poder para forçar os membros da Sociedade a sacrificarem os seus particularismos, num reconhecimento implícito da absoluta e insanável contradição entre os interesses particulares e o "Interesse Público", uma contradição que era estranha às mentes medievais, diga-se em abono da verdade.

Hoje em dia, nos meios de comunicação portugueses assistimos frequentemente ao uso e abuso da expressão "forças de bloqueio" entendidas como expressão dos Lobbies e Corporações que recorrem à sua influência na sociedade para bloquearem leis que visam o "interesse público" contraposto às suas perrogativas e privilégios grupais. Entrou assim na consciência colectiva a noção de que as Corporações são algo negativo e corrosivo para o "Bem Comum", o que não corresponde em absoluto à interpretação medieval do conceito e que é preciso fazer renascer para que o Quinto Império seja cumprido.

segunda-feira, setembro 19, 2005

Vieira e o "Menino envolto em Luz"

"História de António Vieira" p.18
J. Lúcio de Azevedo

Clássica Editora

"Mandado à aldeia sem guia, perdeu-se (Vieira) no caminho e, muitto entrada a noite, achava pela frente um rio, o Joanes, ou algum dos confluentes que ao sul e oeste defendem o passo para a povoação (aldeia do Espírito Santo). Não vendo meio de transpôr o obstáculo, pensou em retroceder, mas atemorixzava-o a treva, e o dificultoso de buscar nela o trilho incerto da mata. Como só recurso encomendou-se ao anjo da guarda, e com poucas passadas, eis lhe salta da escuridão um menino envolto em luz: era ele que baixava a acudir-lhe, e então caminhando adiante o conduziu aldeia onde, chegados, desapareceu."

O Brasil português era provavelmente um dos locais mais supersticiosos do mundo, e coexistiam aqui uma miríade de cultos africanos e uma densa e complexa mitologia dos indios brasileiros conjuntamente com o intenso fervor católico de Vieira. Mas querer atribuir a Vieira o fervor suficiente para o fazer inventar uma visão - como sugere Lúcio de Azevedo - é procurar em Vieira um tipo de fanatismo ou de falsidade que nele nunca existiram.

Esta visão do "menino envolto em luz" ocorreu verdadeiramente e nas circunstâncias em que Vieira descreveria mais tarde o evento. É impossível determinar exactamente o que se passou, mas acreditamos que alguma presença entendeu que não fora ainda cumprido o destino de Vieira e decidiu intervir. Um enviado do Futuro (o jesuíta escreveria uma "História do Futuro"), uma entidade sobrehumana. Fosse o que fosse, salvou António Vieira e permitiu assim que o padre produzisse mais tarde os pensamentos que haveriam depois de alumiar o futuro de Portugal.

sexta-feira, setembro 16, 2005

O papel da Profecia nas Sociedades Modernas

As profecias têm como grande missão numa sociedade criar coesão, e um objectivo/desígnio nacional. Por isso estão na base de grandes nações como a Maia, a Romana (as profecias celestinas), a Judaica, e até a Cristã e a Islâmica (que podem ser interpretadas como "nações" num sentido lato).

O que falta no mundo moderno é precisamente uma visão e expectativa profética que oriente e crie referências para as sociedades materialistas e imediatistas em que vivemos. O retorno à crença no valor social e moral das profecias devolveria ao Homem o seu lugar num mundo que não se esgota no seu aspecto material.

segunda-feira, setembro 12, 2005

As Duas Mortes de El-Rei Dom Sebastião

Segundo o cronista Frei Bernardo da Cruz, que acompanhou a expedição ao norte de África: "... El Rei, tanto que se vio livre das mãos daquelles pagãos, deu em andar pera detraz, e se foi sahindo do campo e da batalha ..."

Neste ponto do texto do cronista ilustra a intenção clara do monarca em fugir do campo de batalha, no mesmo momento em que esta decorria. Dom Sebastião não era alguém que pretendesse combater até à última gota de sangue. Este passo mostra pelo menos que o rei queria escapar vivo ao combate.

"Luiz de Brito voltando os olhos para o caminho que elçrei tomara o vio hir hum pedão desviado, já sem haver mouro algum que o seguisse, nem apareceram outros adiante, que tão prestes o pudessem encontrar, pera lhe impedir o caminho que levava, que era mui distante do lugar aonde depois dizião que o acharão morto". O cronista cita uma testemunha ocular que viu o rei afastar-se da batalha e distanciar-se do inimigo, mas mais importante é a referência da distância que medeia entre este último avistamento e o local onde segundo o cronista "dizião que o acharão morto". O cronista insinua aqui que não crê que o cadáver encontrado e o corpo do rei fossem um só. Se o faz numa obra "oficial", facilmente se deduz qual o espirito reinante entre aqueles que tinham acompanhado o monarca na Campanha de África.

É sugestivo o relacionamento deste depoimento com o episódio do "embuçado de Arzila". Foi este o caso que na noite seguinte ao combate foram bater à porta da fortaleza fugitivos portugueses, pedindo entrada. A recusa ou hesitação dos de dentro foi vencida ante a declaraçção de estar ali El-Rei D.Sebastião (que seria o embuçado) conseguindo assim entrarem na praça de Arzila.

Foi dito que dali D. Sebastião pasçsou a um barco da esquadra que levantou ferro com destino à costa de Portugal. Pode tratarçse de apenas uma lenda, e mesmo que relate factos reais pode tratar-se de um grupo de fugitivos que para entrarem dentro das muralhas inventaram o embuste. Seja como for, D. Sebastião não chegou com toda a certeza a Portugal, nenhum dos que afirmaram ser o Desejado, como o "rei de Penamacor", um noviço carmelita; o "rei da Ericeira", um tal de Mateus Álvares; nem Gabriel de Espinosa, apresentaram provas definitivas de o serem. Quanto a Marco Túlio Catizone, muito embora Oliveira Marques negue liminarmente que fosse o monarca desaparecido, a verdade é que os textos que citamos mais abaixo nos transmitiram outra ideia.

Foi no ano de 1597 que chegou a Veneza um português que dizia ser o "Cavaleiro da Cruz" e que viria a dar muito que falar. Eis a sua história contada por ele próprio, a pedido dos poucos portugueses residentes na cidade que com ele logo contactaram.

Demoradamente instado o "Cavaleiro da Cruz" acabou por declarar ser D. Sebastião, e assim relatou o seu drama. Disse que, embora ferido, conseguira salvar-se, tendo sido acompanhado pelo duque de Aveiro, pelos condes de Redondo e de Sortelha, por Cristovão de Távora e ainda por outro fidalgo; que embarcara num navio em Arzila, que o conduziu ao Algarve; que não quis dar-se a conhecer "por lhe custar mais a afronta da derrota do que a perda do Trono, tendo resolvido correr o mundo com os seus companheiros." Nas nossas investigações não conseguimos determinar quais os nobres aqui referidos, mas o facto de um grupo acompanhar o rei concorda com a lenda do "embuçado de Arzila", assim como concorda o seu embarque nessa praça. Por outro lado, não é suspeito o facto destes nobres da alta nobreza acompanharem o monarca, visto que não seria provável que estes nobres tivessem abandonado o rei em alguma ocasião, excepto em caso de morte ou de impossibilidade absoluta, como o cronista refere que ele se "afastou" podemos crer que se afastou sózinho, mas essa seria uma leitura precipitada, com efeito, o grupo que comandou do exército, segundo a "Crónica de D. Sebastião" nunca deixou o monarca, e esse mesmo grupo pode ter acompanhado o rei no exílio.

O monarca teria entrado nalgumas guerras contra os infiéis no oriente da Europa e na Ásia, recebendo vários ferimentos e tencionando por fim recolher-se em penitência a um ermitério em companhia de um santo homem que por lá conhecera, e acabar aí a vida. Tendo confidenciado com o velho eremita a sua identidade, foi aconselhado por este a regressar à pátria. Resolveu então ir a Roma expôr a sua situação ao Papa. Como a sua estadia em Veneza tomasçse proporções de relevo, imediatamente se pôs em acção o embaixador do rei de Espanha pedindo ao doge a prisão do "Cavaleiro da Cruz" a pretexto de ser mais um falsário.

Em 1599, partindo de Roma, onde residia, e constando-lhe o que se passava, vai a Veneza o dominicano Frei Estevão de Sampaio com o fim de saber se o "Cavaleiro da Cruz" seria realmente D. Sebastião. Debalde o tentou porque, estando em Veneza, não lhe foi permitido avistar-se com o prisioneiro, mantido incomunicável. Em resultado vem a Portugal para obter os sinais físicos de identificação do sobeçrano, que lhe pediram, o que conseguiu do notário Tomé da Cruz.

Regressando à cidade dos doges foi de novo impedido de ver o prisioneiro português em resultado dos impedimentos conseguidos pelo embaixador de Espanha, sempre muito activo neste caso.
Movimentando cortes estrangeiras e implorando a ajuda da Igreja, volta a Roma, depois de novo a Veneza, para no fim de constantes recusas visitar em segredo o prisioneiro por especial favor do Doge.

A conclusão a que chegou Frei Estevão de Sampaio e que consta da carta dirigida ao Padre José Teixeira (protegido de Henrique IV de França) é que os sinais se verificavam exactamente no misterioso prisioneiro.

Transcrevemos a carta: "o rei de Portugal está detido, como prisioneiro nesta cidade, há vinte e dois meses, por um julgamento secreto de Deus, que permitiu que tenha chegado aqui pobre, por ter sido roubado, mas esperando encontrar auxílio nesta república. O embaixador de Castela persegui-o vivamente persuadindo a Senhoria de que é um ladrão calabrês, o que ele prometia provar e imediatamente procedeu contra ele, conforme as informações do embaixador. Tem-no sepultado na prisão, sem o deixar ver nem o querer soltar, nem fazer algum acto de justiça... Juro-lhe, pela Paixão de Jesus Cristo, que ele é tão verdadeiramente o rei D. Sebastião como eu sou o Frei Estevão. Se isto não é assim, eu seja condenado não somente por mentiroso, mas por renegado, blasfemador e herético. Fiz grandes diligências em Portugal por este motivo. Fui lá e regressei. Soube secretamente que dos dezasseis sinais que tinha no seu corpo desde a infância, de que trouxe certificado autêntico de Portugal, ele os tem todos, sem falhar algum e sem contar as cicatrizes das feridas da batalha. "

De vital importância para este trabalho é esta carta. Na época, além do conhecimento pessoal, também se recorria ao método dos sinais. Tamanha coincidência não parece crível, e o facto de frei Estevão de Sampaio ter observado as cicatrizes no corpo do preso mostra que não se tratava de um simples embustor, mas de alguém que tinha combatido. Tais cicatrizes não as deve ter ganho na fatídica batalha mas nas peregrinações no Oriente, pois a "Crónica de D. Sebastião" não refere que o rei tenha sido ferido antes de ter fugido do campo de batalha. Por outro lado, o espírito de cruzada era forte na alma do monarca e não surpreende que depois de humilhado pela derrota tenha aliviado a sua consciência combatendo os muçulmanos no Oriente.

O certo é que ao fim de muitas tentativas de julgamento, e em consequência de 27 interrogatórios minuciosos a que foi sujeito, o senado da República de Veneza, convencido de que se tratava realmente do infortunado rei de Portugal, limitou-se inesperadamente a soltá-lo na noite de 15 de Dezembro de 1600 mas, receoso de complicações com o poder castelhano, pôs-lhe a condição de abandonar a cidade no prazo de 24 horas e os limites da República Veneziana no prazo de 3 dias. Se fosse um impostor e dado o peso de Espanha junto de Veneza, não parece crível que tivesse sido solto e muito menos que tivesse merecido 27 interrogatórios.

Da cidade adriática passou disfarççado para Itália, o que não o livrou de voltar a estar preso em Florença e Nápoles, sempre sob a perseguição de Madrid. "O conde de Lemos, vice-rei de Nápoles, teve com ele largas conferências, em que falaram das maiores particularidades relativas a duas embaixadas com que Filipe II o enviara a D. Sebastião. O conde ficou tão crente que ele era o próprio rei, que lhe suavizou muito a prisão, e à hora da morte disse a seu filho e sucessor: "Declaro que este homem é o verdadeiro Sebastião rei de Portugal."
Continuemos a transcrever, agora o seguinte e extraordinário episódio.
"O duque e a duqueza de Medina Sidonia quiserão vê-lo; e depois de larga conversação, Sebastião perguntou ao duque se ainda possuia uma espada que lhe dera quando passou a África. (...) O rei D. Sebastião, respondeu o duque, deu-me uma espada, que eu ainda conservo." E dizendo que a reconheceria, posto que fossem passados vinte e quatro anos, o duque mandou trazer doze espadas, as quais assim que D. Sebastião viu, disse que não vinha ali. O duque mandou trazer mais algumas, e tanto que D. Sebastião para ellas olhou, logo apontou para a mesma. "A duquesa, sua prima, perguntou Sebastião se ainda tinha o anel que lhe dera. A duqueza lho mostrou, elle o reconheceu e disse: "Este anel tem debaixo da pedra gravado o meo nome. Foi desencravado e achou-se efectivamente o que Sebastião dissera."

A par destes curiosos episódios de identificação temos os dos Três Breves Pontifícios, de sucessivos três Papas. O primeiro é de Clemente VII datado de 1598 e reza assim: "Clemente VIII, por divina providência servo dos servos de Deus: Saúde e paz em Jesus Christo Nosso Senhor, que de todos é verdadeiro remédio e salvação: Fazemos saber a todos os nossos filhos carísçsimos, que debaixo da protecção do Senhor virem com fervosa fé em especial aos do reino de Portugal, que o nosso mui amado filho D. Sebastião Rey de Portugal se apresentou pessoalmente n`esta Cúria Romana no Sacro palácio, fazendo-nos com muita instância e supplica o mandassemos meter na posse do seu reino de Portugal pois era o verdadeiro e legítimo Rey d`elle; que por peccados seus e juiso divino se perdera em África indo peleijar com El Rey Maluco na campo de Alcácere Quibir, e até agora estivera oculto e não quizera dar conta de si por meter tempo em meio dos males que succederam por seu conselho, e que para justificar ser o próprio estava prestes para dar toda a satisfação que lhe fosse pedida: E considerando nós o cazo, como somos juiz universal entre os príncipes cathólicos, mandamos por conselho dos cardeaes em conclave que apparecesse; e, feito, se fez examinar com muita miudeza como convinha a tal cazo de que se fizeram processos em várias naçons e no dito Reyno de Portugal por pessoas qualificadas, assim dos signaes do seu corpo, como de outros mais miudos do seu reino, ajunctando as partes por onde andou, e de sua vida e costumes, como outras particularidades importantes para a verdade ser mui claramente sabida, não nos fiando por uma só vez, mas por muitas, e por pessoas constituidas em dignidade sacerdotal, e por seculares titulares, do que se fizeram os processos que no Archivo desta curia se pozeram, e que uns e outros se conferiram a 23 de Dezembro de 1598".

O segundo Breve e do Papa seguinçte, Paulo V, sentenciado 19 anos depois de Clemente VIII, e que copiamos.

"Paulo V, Bispo de Roma, servo dos servos de Deus: Ao nosso mui amado filho Phelipe III. Rei de Hespanha, Saúde em Jesus Christo Nosso Senhor, que de todos é verdadeiro remédio e salvação: fazemos saber que por parte de El Rey D. Sebastião, que se dizia ser de Portugal, nos foi apresentada uma sentença Appostólica de nosso antecessor Clemente outavo, de que constou estar julgado pelo verdadeiro Rey e legítimo de Portugal, nos pedia humildemente mandássemos por nosso Núncio assim o declarasse para effeito de se lhe dar a posse pacifica, mandamos a vós Philipe III, Rey de Hespanha, em virtude da sancta obediência que dentro de nove mezes, depois da notificacão d'esta, largueis o dito Reyno de Portugal a seu legítimo successor D. Sebastião mui pacificamente sem efusão de sangue e sob pena de excommunhão maior lata sentêntia da maneira que está julgada: Dada em esta Cúria Romana sob o signal do Pescador a 17 de Março de 1617".

Terceiro Breve, do Papa Urbano VIII, este 32 anos depois do antecedente. D. Sebastião teria 76 anos de idade quando por esta última vez reclamou os seus direitos em Roma.

Eis o Texto do Breve: "Urbano VIII por Divina Providência Bispo de Roma, Servo dos Servos de Deus. A todos os arcebispos e Bispos e pessoas constituidas com dignidade que vivem debaixo do amparo da Igreja Cathólica, em especial aos do Reyno de Portugal e suas conquistas, saúde e paz em Jesus Christo nosso Salvador que de todos é verdadeiro remédio e salvação: Fazemos saber que por parte do nosso filho D. Sebastião Rey de Portugal nos foi aprezentado pessoalmente no Castello de Sancto Angelo duas sentenças de Clemente Outavo e Paulo Quinto nossos antecessores, ambas encorporadas, em que constava estar justificado largamente ser o próprio Rey e nesta conformidade estava sentenciado para lho largar Felipe III Rey de Hespanha, ao que não quiz nunca satisfazer; pedinçdoçnos agora tornassemos de novo a examinar os processos, e constando ser o próprio o mandassemos com effeito investir da posse do Reyno. Dada em esta Cúria Romana sob o signal do Pesçcador aos 20 de Outubro de 1630".

E então o testemunho de D. João de Castro (o neto do grande Vice-Rei da India) sobre o prisioneiro de Veneza? "Eu me obrigo desde aqui e respondo pelo Altíssimo até o fazer bom com todo o tormento em meu corpo como é verdade que é aquele Preso o verdadeiro Rei de Portugal Dom Sebastião."

Pelo que acima escrevemos, pelos documentos que citamos ficou-nos uma forte convicção de que o prisioneiro de Veneza seria de facto o rei português.

De especial peso temos os três Breves dos três papas e o ocorrido com o Conde de Lemos. Vimos como o rei quis fugir da batalha, vimos como o pode ter feito, e mencionamos a lenda do seu embarque em Arzila para a costa do Algarve. Vimos também como são numerosas as provas que indicam tratar-se realmente do nosso monarca desaparecido, desde a semelhança física, à presença de todos os sinais do monarca, a identificação da espada de entre doze outras, e o ainda mais convincente episódio do anel, são as provas que convenceram o tribunal veneziano, Frei Estevão Sampaio, o Conde de Lemos, e acima de tudo, os três Papas, estes estavam na posse de todos os daçdos, de todos os inquéritos e reuniam toda a informação reunida pelos restantes. Foi justamente na posse destes dados que emitiram estes Breves.

Conforme vimos, tudo indica que se tratasse efectivamente do nosso monarca desaparecido. Após três anos de permanência em Itália, o pretendente ao trono português acabou por ser aprisionado por agentes de Espanha e pouco depois executado juntamente com alguns dos partidário que conseguira reunir à sua volta.

Seria esta a segunda morte de el rei D. Sebastião...

O criptojudaísmo de Vieira

"História de António Vieira" p.14
J. Lúcio de Azevedo
Clássica Editora

Talvez uma das raízes para a compreensão do pensamento multiculturalista e tolerante do padre António Vieira estivesse no facto de ter tido por bisavó uma mulher de cor. Muitas vezes as posições filósoficas de alguém radicam no seu passado individual e o próprio Sigmund Freud encontrou a motivação para a sua Psicologia nos seus problemas pessoais. Ignora-se a raça exacta da avó de Vieira: negra, india ou moura. Negros havia muitos no Portugal da época de Vieira (segundo certas estimativas chegariam a 10% da população) e havia ainda algumas comunidades mouriscas em algumas cidades do país. O próprio Vieira tinha ainda alguns traços fisionómicos que pareciam indicar uma qualquer mestiçagem no seu sangue, conforme refere Lúcio de Azevedo a propósito do seu retrato feito em Roma.

A hipótese da origem marrana ou até judaica de Vieira é tambêm levantada por Lúcio de Azevedo, quando alude à recusa a seus pais da recepção na Ordem de Cristo por motivos que estariam relacionados com a "limpeza do sangue". Os próprios contactos privilegiados que manteriam coim cabalistas judaicos poderiam reforçar a tese das raízes judaicas de Vieira.

Soubesse Vieira ou não a verdadeira origem dos seus antepassados, o certo é que as influências judaicas estiveram na origem do seu profundo Messianismo - transferido para a pessoa de Dom João IV - e não é totalmente impossível, ainda que seja improvável - que Vieira descendesse de pais criptojudeus, isto é, de portugueses que praticavam secretamente a religião de Moisés.

sexta-feira, setembro 09, 2005

Os Malefícios do Catolicismo

Boa parte da situação em que Portugal se encontra agora encontra as suas raízes na época em que Dom João II introduziu a Santa Inquisição no nosso país.

1. A Fuga de Capitais

Com as perseguições que a partir de Dom Manuel foram feitas em Portugal à comunidade hebraica foram criadas as condições que obrigaram os judeus a deslocarem a maioria dos seus "cabedais" (como se dizia na época) para o estrangeiro, sobretudo para os países do norte da Europa, criando aqui as bases de capital para a prosperidade de que ainda hoje gozam e esvaziando a capacidade portuguesa de financiar e organizar empreendimentos no exterior.

2. A Perda do Espírito Empreendedor

Sendo especuladores e empreendedores natos a fuga dos judeus retirou à sociedade portuguesa as suas características mais dinâmicas e activas tornando-a num monstro social passivo e ressentido sempre pronto a colocar no exterior todas as responsabilidades por tudo. Se na raíz do impulso para os Descobrimentos estiveram várias razões de teor económico e religioso o financiamento dos empreendimentos e até o progresso científico esteve nas mãos de muitos judeus. A sua fuga esvaziou Portugal de uma preciosa energia vital cuja falta é hoje observável em tantos aspectos da vida portuguesa contemporânea.

3. A Vingança

Muitas das famílias judaicas que foram perseguidas, expulsas ou que foram vítimas da "Santa" Inquisição e que acabaram por encontrar refúgio nos países do norte da Europa (sobretudo na Holanda) viriam a alimentar um forte sentimento de ressentimento contra o país que os expulsou e assassinou os seus familiares.
O princípio do fim do Império Português coincidiu com os primeiros ataques de corsários ingleses e holandeses a navios portugueses da Rota do Oriente, seguidos pouco depois pelas primeiras ocupações de feitorias portuguesas na Ásia e pelas expedições frustadas contra Angola e o Brasil. Todas estas actividades exigiram uma grande concentração de capital e este estava em grande medida nas mãos dos mesmos judeus que a sanha católica tinha expulso de Portugal e que assim encontraram forma de vingar - justamente - as perseguições contra eles lançadas.

4. O Receio pela Diferença e da Inovação

Provavelmente o maior dano jamais provocado pelo catolicismo a Portugal foi o sentimento de receio pela Diferença, Inovação no Pensamento que existe imanente em todos os portugueses e que gravada na memória colectiva de Portugal por muitos séculos depois do fim da actividade da Inquisição em Portugal. O virus entao inserido na Alma Portuguesa haveria de chegar ate hoje, e a opressao pesada do Salazrismo com uma censura omnipresente e mais sentida do que real (o que é infinitamente mais danoso, porque implica uma interiorização do Sentimeno e não mais uma impressão exterior) levaria Portugal à triste situação em que hoje se encontra.

5. O Medo pelo Estado

A Inquisição Católica sempre dependeu do chamado "Braço Secular" para fazer aplicar as suas vis "cristãs" torturas e execuçðes pelo fogo. O "Braço Secular" era o do Estado, obviamente. Posteriormente, em pleno sêculo XX Portugal conheceu o segundo grande momento castrador da sua História no Salazarismo, onde de mão dada com a Igreja Católica se haveria de cometer o segundo grande crime contra a grandeza dos destinos de Portugal com a instauração da Censura e da PIDE, ávidas por perseguir e fazer calar todos aqueles que se erguessem contra o Beatismo feito Regime e Religião oficial do Estado português. O receio provocado na Alma Portuguesa por sobressair, por "chamar a atenção à PIDE" haveria de se infliltrar subliminarmente em todos nós e seria o causador da Inveja, sentimento colectivo que tanto dano causa, porque critica negativamente a acção e convida ao imobilismo que tanto era apreciado por Salazar e pelos seus pares políticos contemporâneos e que hoje se faz sentir de forma particularmente intensa na acção bloqueadora dos Lobbies de interesses (Advogados, Juízes, Médicos, Funcionários Públicos, ec.) que se movem sempre para defender a manutenção do Status Quo que mantém Portugal um país atrasado e retrógado.

quinta-feira, setembro 08, 2005

Os Cinco Impérios de António Vieira

O conceito de "Quinto Império" não é uma invenção absoluta da mente do Padre António Vieira, que o elaboraria no papel, pela primeira vez numa nota manuscrita que haveria de ser anexada ao seu processo na Inquisição e que foi redigida em 1649, quinze anos antes da redacção da "História do Futuro". É contudo certo que foi através deste padre jesuíta que a expressão "Quinto Império" veio a conhecer a luz do mundo, diversos autores referiam anteriormente a chegada eminente de um civilização de novo tipo, prenhe de promessas de paz e estabilidade que se estendesse por todo o Mundo.

O poeta romano Virgílio (Bucólicas, Poema IV) acreditava na vinda de uma criança que haveria de reinar como Deus num mundo de abundância. O poeta chegaria a identificar essa criança com o filho do imperador Augusto, mas quando a gravidez da imperatriz chegou ao termo e esta deu à luz uma menina, a profecia haveria de se revelar inconcreta, assim como a de Vieira que insistiria até ao último momento em identificar Dom João IV com o prometido "Imperador do Quinto Império".

Antes de Virgílio, também o poeta grego Píndaro e o filósofo Platão acreditavam no regresso a um "Mundo de Ouro", uma época ídilica em que todos os homens haveriam de viver em paz e harmonia. Provavelmente, a tese de Vírgilio há-de ter encontrado aqui a sua inspiração....

Mas até em Portugal, ainda antes da aparição de Vieira no século XVII, já corria em Portugal a corrente subterrânea de que para o país estaria reservado um papel diferente e supremo, tão cedo desde o misterioso "Milagre de Ourique" que estaria na base da fundação da nacionalidade e até na sua refundação aquando da chegada do Mestre de Aviz à realeza e que o cronista Fernão Lopes deixa transparecer quando na sua crónica escreve: "Da Sétima Idade que começou no tempo do Mestre (...) na qual se levantou outro mundo novo e nova geraçom de gentes"

Na Profecia de Daniel (II, 31-45), invocada na "História do Futuro" de António Vieira (obrigado ao Espreitador pela recordação). o jesuíta apresenta a sua lista (e podemos dizer que esta é a lista "original", uma vez que existem outras versões) dos Quatro Impérios a que sucederá o Quinto: Assírios (Ouro), Persas (Prata), Gregos (Bronze) e Romanos (barro e Ferro).

Em primeiro lugar, estranha-se a inclusão nesta lista do "Império dos Gregos", porque efectivamente não houve nunca nenhum império grego na mais pura acepção da palavra... Os gregos da Antiguidade Clássica sempre foram demasiado desunidos, turbulentos e ciosos da independência das suas cidades-estado para formarem qualquer coisa semelhante a "Império Grego", o que houve efectivamente foi um "Império Macedónico ou de Alexandre Magno" que não sobreviveu à morte do seu sonhador, e que sendo de língua grega e dominado fundamentalmente por cidadãos oriundos da península grega pode merecer tal designação com alguma propriedade. Vieira esclarece esta questão quando escreve: "dividiu-se em três reinos, do Egipto. da Macedónia, e da Ásia, em que se continuou com desigual fortuna e duração". Sendo estes três reinos, o do Egipto Ptolomaico, o da Síria e Ásia dos Seleucidas e a Macedónia, que se separou das províncias orientais e sobreviveria até à conquista romana.

Umas últimas notas a propósito dos Cinco Impérios de Vieira:

a) Os quatro primeiros estão associados a metais, ou seja, a produtos da actividade metalúrgica humana, mas o quinto é o da Pedra, um material de origem natural que escapa ao fabrico humano... É como se Vieira quisesse dizer que todos os impérios universais anteriores tinham sido coisa humana, "fabricação do Homem", mas que o Quinto haveria de ser diverso, verdadeiramente natural e original, além de superior aos quatro precedentes, porque haveria de derribar a estátua formada em diferentes partes pelas alegorias destes quatro impérios.

b) A deslocação do centro de poder de Oriente para Ocidente é evidente nesta lista de Vieira. À medida que os impérios dão lugar aos seus sucessores, o seu centro de gravidade desloca-se cada vez mais para Ocidente. Começa em Nínive, capital Assíria, mantem-se depois no Oriente, em Persepolis e desloca-se depois para a Grécia, Síria e Egipto e por fim para Roma. O Quinto Império esse, haverá de ser localizado no extremo europeu, nessa Finisterra de Pessoa chamada Portugal, o ponto mais ocidental do verdadeiro continente chamado Eurásia (onde o falso continente "Europa" não representa mais do que um apêndice).

c) A sucessão dos metais: Ouro, Prata, Bronze, Ferro e regresso ao Ouro (Quinto Império) invoca os mitos hindus que referem o ciclo Yuga, uma sucessão de quatro idades do mundo e um regresso ao "Mundo do Ouro" no final da passagem da roda do tempo. Este "mito do eterno retorno" (Mircea Eliade) está gravado na consciência colectiva de todos os povos de matriz indoeuropeia e trespassa todas as sociedades europeias modernas. Neste ponto, Vieira deixa transparecer esta influência e insere-se num quadro de pensamento indoeuropeu

quarta-feira, setembro 07, 2005

Quinto Império: O Papel da Pulsão Sexual no Governo das Sociedades

A nossa tese é a de que todos os actos humanos são de uma forma ou de outra motivados pela pulsão sexual. É ainda nossa tese segundo a qual a aversão íntriseca e antinatural do Cristianismo em relação à Sexualidade explica a decadência do homem cristão (o Islão é hoje a religião universal com maior nùmero de crentes) e o aborto do projecto de Império Universal sonhado por Dom Manuel I e pelos portugueses de Quinhentos.

Efectivamente, o Sexo é a força motriz da Arte, do Poder, da Guerra, da Ciência, de todas as actividades humanas. Se alguém busca a fama usando para tal o seu cérebro quando elabora uma profunda e detalhada teoria científica; se alguém usa a mão e a Mente para pintar um belo quadro ou uma escultura desenvolta, fá-lo para merecer a admiração alheia e para granjear a atenção do sexo oposto, aumentando assim as suas possibilidades de gerar descendência, essa eterna obsessão da Mãe Natureza.

Negar ao Sexo a importante e central parte que ele ocupa nas nossas vidas é promover a aparição de traumas e desvios de comportamento que não afectam um indíviduo isolado mas que corroem e destroem sociedades inteiras. É certo que a energia anímica que o Homem deixa de consumir nas actividades sexuais com a repressão do Sexo fica disponível para as restantes actividades e essa disponibilidade explica os sucessos espectaculares mas fugazes de fenómenos como a conquista espanhola da América do Sul ou como a expansão dos Puritanos ingleses na América do Norte. Mas estas sociedades não geram corpos estáveis e duradouros, ou a américa espanhola não se revoltou em peso e não houve uma Guerra Civil nos EUA no século XIX ? Em oposição, o Brasil português - onde sempre houve uma atitude muito mais tolerante em relação à pulsão sexual manteve-se unificado e conheceu um processo de independência muito mais pacífico onde o próprio filho do rei português assumiria o governo.
Em conclusão, estabelecer um qualquer tipo de regime de governo que assente num qualquer tipo de negação ou repressão da poderosa pulsão sexual é estabelecer uma sociedade doente e instável.

Pequena Nota sobre Bandarra

A propósito da referência do Espreitador a "o Quinto Império anunciado para depois do segundo é o império espiritual português." gostaria de acrescentar o seguinte:

A citação é da primeira quadra do III corpo das Trovas de Bandarra:

Em que haveis de ser o Quinto
Depois de morto o Segundo
Minhas profecias findas
Nestas letras que vos aqui pinto.

Bandarra deixa claro que se trata de "profecias" e como em qualquer profecia, o papel deixado a interpretação é imenso, do tamanho do Mar Oceano. É assim que existem tantas interpretações das Centúrias de Nostradamus quantos os autores que delas trataram... Com Bandarra nâo será diferente. Contudo, não nos parece absurdo associar a este "segundo", o nome de el Rei Dom João II, precisamente aquele com o qual se deu início à gesta dos Descobrimentos e da fundação do primeiro Império Português, o Quinto começaria assim com Dom Manuel I, o Venturoso, o monarca que levaria a bandeira das Quinas até às índias, formando o cerne do Império Universal e Universalista que depois a sanha católica de Dom João III haveria de perder pela mâo da Santa Inquisição e que o fanatismo de Dom Sebastião se encarregaria de encerrar de um modo quase definitivo.

O Quinto (Quinto Império) seria assim o sucessor do Segundo, fundado por Dom João II (Segundo), continuando este na intençâo universalista e mundial, na boa tradição da esfera armilar manuelina e após terem sido vencidos os obstáculos lançados pelo fanatismo católico no Destino e Caminho de Portugal.

segunda-feira, setembro 05, 2005

Uma Nova Regionalização

De norte a sul do país as Câmaras Municipais estão infectadas por esse virus da corrupção e do crime que é o sector imobiliário, que, para manter os elevadíssimos e imorais lucros não hesita em arrastar todos os portugueses para a falência e que obriga as Câmaras municipais a cederem às suas pressões autorizando praticamente todo o género de construções em praticamente todo o género de sítio.

É preciso que as Câmaras tenham que depender tanto das verbas com origem no sector da Construção, como a SISA/Imposto Autárquico e que passem a depender sobretudo de rendimentos próprios, como os gerados pelas empresas municipais e por impostos directos.

Acima de tudo, é preciso canalizar algumas receitas de impostos directamente para as Câmaras sem que passem pelo Governo Central. É preciso reinventar o "Regionalismo" numa versão autárquica, entregando às Câmaras a maioria das responsabilidades de gestão dos seus municípios e mantendo no Governo Central apenas as competências que este poderá desempenhar melhor, como os Negócios Estrangeiros, a Defesa, etc. Responsabilidades como a Educação, a Saúde, a Polícia, os Bombeiros, deverão pertencer à esfera municipal. Para tal, o IRS e o IRC devem ser divididos, entregando-se uma parte directamente ao município de residência e a a outra parte ao governo central.

Por fim, é preciso desencadear uma verdadeira "Operação Mãos Limpas" arrastando para as prisões os Isaltinos, Fátimas e "Majores" Loureiros que com menor mediatismo polulam por todo o país. Concedam-se os devidos meios à PJ e deixem-na trabalhar.

 
Blogarama