Do Papel da Religião
Uma imensa parte da responsabilidade pelo estado desastroso e aparentemente irreversível deste país cabe ao Catolicismo.
O Catolicismo, como qualquer religião, sabe cristalizar as energias de uma nação e focar a sua dissipação num objectivo único, de âmbito nacional e capaz de ultrapassar a chamada "Tirania do Presente", levando o Homem até destinos normalmente impossíveis ou inalcansáveis.
É através da religião que os portugueses foram até à índia e conquistaram aquele que foi o segundo maior império colonial da História. Muitos historiadores, depois de António Sérgio, tentaram valorizar as causas políticas e económicas da Expansão Portuguesa, esquecendo frequentemente que o Homem Medieval e Renascentista atribuía à religião um peso completamente diverso daquele que o Homem Contemporâneo atribui. Para este Homem passado tudo na vida era feito e concebido em função de um dado objectivo espiritual e não devemos julgar o Homem do passado segundo nas nossas bitolas modernas. Se as expedições portuguesas do Infante Dom Henrique, segundo Zurara, pretendiam "traficar escravos e mercadorias", faziam-no porque sinceramente se acreditava que a riqueza económica resultante serviria para financiar futuras explorações, e que estas tinham sempre como objectivo principal, "libertar Jerusalém" e estabelecer aliança com esse mítico potentado cristão que era o Prestes João.
Todos os povos do mundo que num dado momento conseguiram realizar feitos notáveis, conseguiram-no sempre embuídos de um forte sentido religioso, porque somente um objectivo transcendente parece conseguir levar o Homem a sair da mediania e a alcançar o seu Destino. A Rùssia conseguiu vencer a poderosa Alemanha Nazi depois de ter estado à beira da catástrofe porque a crença mítica nas virtudes do sistema comunista lhe transmitiu as energia sobrehumanas necessárias. A Grã-Bretanha logrou conquistar o maior império colonial da História assente numa sólida religião protestante que não só tolerava como incentivava o lucro comercial, sendo este protestantismo reforçado pela promessa mítica das Gestas Arturianas. A própria actual dominação americana/bushista do Mundo assenta sobre uma crença providencial ultraprotestante que coloca os EUA na posição de "terra preferida de Deus", o que explica parcialmente a actual agressividade da política externa americana, convicta do papel providencial e divino dos EUA no Mundo.
Esclarecido este ponto que defende a importância da religião numa Alma Nacional, isso pode contribuir para as causas da presente decadência de Portugal. O actual ateísmo é uma das barreiras mais fortes que é necessário vencer para recolocar Portugal no rumo do crescimento e do cumprimento do seu verdadeiro papel no Mundo: a fundação do Quinto Império.
Contudo, o Catolicismo não é a via que deve ser seguida para fazer regressar Portugal ao cumprimento da sua misão universalista...
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